sábado, 19 de novembro de 2011

Crítica Do Veja Sobre Breaking Dawn – Part I

O site brasileiro, veja.com criticou o filme dizendo que o longa parece com a novela Mutantes, da Record. Lembro a vocês que, assim como recebe críticas positivas, o filme também esta sujeito a receber as negativas. Confira:




Amanhecer – Parte 1, o novelão de Stephanie Meyer
Penúltima parte da saga tem flashbacks, cenas piegas e até casamento – além, é claro, dos personagens sempre planos. Mas o longa está mais para Mutantes, da Record, do que para a clássica Vamp, da Globo
Se Stephanie Meyer já mostrava talento para autora de novela nos livros que deram origem a Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse, as três primeiras partes de sua saga vampiresca, Amanhecer – Parte 1 aprofunda essa vocação. Baseado no quarto e último volume da série – dividido em dois no cinema –, o longa que estreia nesta sexta-feira em todo o mundo, e em 1.100 salas só no Brasil, traz tudo o que um derradeiro capítulo de folhetim não pode deixar de ter. Estão lá os personagens sempre planos, os flashbacks, as cenas piegas e até uma cerimônia de casamento. Além de um suspense ao final do filme, que se justifica pelo fato de a conclusão ter duas partes – a segunda estrategicamente programada para novembro de 2012, com um hiato de um ano para garantir maior venda na bilheteria.

É claro que a direção não ajuda muito. No caso, a de Bill Condon (Deuses e Monstros e Kinsey – Vamos Falar de Sexo), responsável também por Amanhecer – Parte 2. Embora mais feliz que os colegas dos filmes anteriores – especialmente que Catherine Hardwicke, diretora da bomba Crepúsculo, primeira da franquia –, Condon não consegue dar viço aos insossos Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Nem romper os limites do texto de Stephanie Meyer, onde tudo é certinho e engessado, onde o sexo é censurado (*spoiler: a censura acontece mesmo depois do casamento: há sexo, mas ninguém o lê ou vê) e onde os personagens só não ouvem atrás da porta porque o principal deles, o doce vampiro Edward, pode ler pensamentos.

Edward Cullen é, aliás, ilustrativo da cosmologia de Crepúsculo, saga fantástica cujo universo está claramente dividido entre bons e maus, com raras, muito raras, exceções. Edward é tão bom, mas tão bom, que, quando confessa seus pecados, eles são pelo bem da humanidade. “Tem certeza de que quer se casar comigo? Eu matei assassinos”, diz a Bella, que rapidamente faz a incrível conta. “Você salvou mais vidas do que tirou, Edward.” Tão bonzinho, mas tão bonzinho, que assume voluntariamente a posição de maior corno manso do cinema atual.

O filme começa com o casamento de Bella e Edward, condição imposta pelo vampiro politicamente correto para transformar a amada em vampira e, também, para levá-la para a cama. Jacob (Taylor Lautner), lobisomem que é por herança familiar inimigo dos vampiros e ainda, de quebra, apaixonado pela namorada de um deles, fica enfurecido ao receber o convite para a cerimônia. Aos que notaram um clima de romance entre ele e Edward na barraca onde acamparam em Eclipse: é de Bella, mesmo, que ele sente ciúme. Enraivecido, ele se transforma em lobo e sai viajando pelos Estados Unidos e pelo Canadá.

Jacob só reaparece no fim da festa do casamento, quando Edward dá mais uma prova da sua mansidão. O vampiro com superpoderes percebe a chegada do rival e interrompe a dança que faz com a noiva, levando-a para dançar com o outro. Que tem novo ataque de fúria, quando Bella lhe conta que só vai virar vampira depois da lua-de-mel. “Ele vai te matar”, diz o lobisomem, em referência à força do super-herói vampiro.

Não, ele não mata. Mas destrói o quarto em que passa a lua-de-mel na ilha que o bilionário Carlisle Cullen – cuja fortuna nunca é explicada nos filmes – deu à mulher, Esme. Carlisle, que transformou a todos do clã Cullen em vampiros, é uma espécie de pai para Edward. A ilha fica em Paraty, e é por isso que o casal passa, muito rapidamente, pelo Rio de Janeiro.

*Spoiler: a destruição, assim como o sexo, é sub-entendida. Vê-se a pele de Bella marcada por hematomas, a cama quebrada, o quarto revirado, a caseira tucuna entrando para consertar tudo, mas não se vê o desenrolar da destruição ou do sexo.

A viagem ao Brasil tem algumas das passagens mais engraçadas do longa, em que Robert Pattinson arranha um português de gringo e a índia tucuna que trabalha como caseira para os Cullen, na ilha de Esme, o chama de demônio porque o identifica com a lenda nativa dos chupadores de sangue.

É também na ilha que Bella engravida de um feto meio gente, meio vampiro, que vai crescer assustadoramente rápido e sugar todo o seu sangue e a sua energia. A partir daí, Kristen Stewart passa uma boa hora horrorosa, esquelética e anêmica graças à maquiagem e à computação, até se transformar em vampira – isso não é spoiler, já é mais do que sabido – no final do filme, após o parto de Renesmee. Mais uma prova do talento de Stephanie Meyer para folhetins cafonas: a bebê é batizada com a união dos nomes da mãe de Bella (René) e de Edward (Esme). Ideia dela que ele, sempre manso, adora. Assim como aprova a opção de nome para o bebê caso ele seja um menino: E. J., Edward Jacob.

A transformação de Bella, no final, é radical: de raquítica e pálida, ela ressurge forte e toda produzida sobre a mesa de cirurgia em que acaba de dar a luz, com sombra sobre os olhos, batom na boca e rímel nos cílios, enquanto uma torrente de flashbacks toma a tela – uma das várias do longa. Uma transformação não apenas surreal, mas que faz lembrar que, se Amanhecer – Parte 1 parece parte de um novelão, está mais para a mal ajambrada Mutantes, da Record, do que para a clássica Vamp, da Globo.

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