Neste post, você pode ler três críticas de ‘Amanhecer’ feitas por sites brasileiros (Ig; Uol e Cineclick). Todos tem direitos a suas opiniões e a seguir, você pode conferir tanto positivas como negativas.
IG
“Amanhecer – parte 1″ tem dramas reais e boas atuações
Com elenco mais maduro, quarta parte de “Crepúsculo” tem primeira vez, problemas de relacionamentos
e outros dramas de mortais
Aproximar da realidade a união entre uma adolescente e um vampiro e a gestação de um demônio não é a mais simples das tarefas tendo em vista a quantidade de elementos irreais da situação, mas o elenco e o diretor de “A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1” conseguiram este feito no filme que estreia na sexta-feira (18) nos cinemas de todo o mundo.
Mesmo com a fantasia que permeia a saga “Crepúsculo”, o novo longa da franquia retrata dramas adolescentes e femininos com exatidão. Na primeira parte do desfecho da história, Edward e Bella sobem ao altar e a jovem engravida durante a lua de mel. Junto com tantos acontecimentos, uma avalanche de emoções invade a vida da mocinha da trama.
Logo no início, Bella tenta caminhar com os scarpins brancos que usará na cerimônia de casamento. Hesitante, a garota questiona a necessidade de tudo aquilo e pergunta a Alice se não pode casar descalça. Apertar os pés sobre elegantes sapatos de saltos finos simboliza uma transição e tanto para a garota que, até então, vivia de tênis e moletom, mas que a partir daquele momento se prepara para abandonar a vida de adolescente e assumir novas e grandes responsabilidades.
A total insegurança da jovem persiste até o momento em que ela caminha rumo à entrada da cerimônia, ao lado do pai e de cabeça baixa. Após ser recebida por Edward no altar, Bella beija o noivo e a cena ganha leveza e romantismo.
A surpresa preparada pelo vampiro para a lua de mel do casal é uma viagem à Ilha de Esmee, um lugar fictício no Rio de Janeiro. É durante a viagem que Bella se torna cômica. Assustada com a primeira vez, ela pensa em desistir quando abre as bagagens e vê que Alice recheou as malas com lingeries transparentes e sensuais. Mas ela reconhece a própria covardia e vai em frente: respira fundo, escova os dentes, depila as pernas e aparece nua para o novo marido. Antes de deixar a toalha cair, no entanto, a personagem hesita novamente. “De onde eu tiro coragem para ficar sem roupa diante desse cara?”, é o que todo mundo pensa por Bella nesse momento.
Após cenas de sexo muito mais reveladoras do que qualquer outro momento da saga “Crepúsculo”, a vida dos recém-casados volta a ter problemas. Afinal, quando é que eles passam muito tempo sem um drama? Bella descobre estar grávida – o que os vampiros sequer acreditavam ser possível – e o bebê começa a enfraquecê-la. A barriga da gestante cresce em uma velocidade surpreende, junto com ela surgem hematomas por todo o corpo, e Bella fica esquálida e doente.
Como se isso não fosse problema o suficiente, o novo marido rejeita o bebê, a personagem demonstra sentir raiva profunda do amado e, depois de muito clima pesado, o casal tem a primeira DR.
A gestação também causa problemas com a matilha dos lobisomens. A família de Jacob constata que o bebê é uma ameaça à segurança de Forks e decide eliminá-lo antes mesmo de nascer. É aí que, enfim, Jacob se une aos vampiros para manter Bella em segurança.
O desfecho do filme deixa o público ansioso pela parte 2 e as batalhas que acontecerão em Forks, e o elenco contribui para isso. Edward mostra o senso de humor, Bella se entrega às emoções e Jacob expressa as angústias da rejeição com muito mais precisão do que nos filmes anteriores.
E além de uma história de lobisomens, humanos e vampiros, a trama mostra ser, também, um drama universal. Todas as encanações com o próprio corpo, o amadurecimento às vezes doloroso, a necessidade de aceitação e o amor idealizado, situações obrigatórias a todo jovem, são representadas com ênfase em “Amanhecer – Parte 1”. O filme, que estreia nesta sexta-feira (18) nos cinemas, promete ser o favorito dos fãs da saga.
UOL
Com cenas rodadas no Brasil, “Amanhecer – Parte 1″ ainda se ressente da
pobreza dos livros de Stephenie Meyer
Com cenas rodadas no Brasil durante dez dias, no Rio de Janeiro e em Paraty, “A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1″ chega nesta sexta (18) aos cinemas de vários países para dar inicio ao epílogo da série de filmes inspirados nos livros escritos por Stephenie Meyer.
Fenômeno de público, “A Saga Crepúsculo” não prima pela excelência cinematográfica. Dirigidos por Catherine Hardwick (“Crepúsculo”), Chris Weitz (“Lua Nova”) e David Slade (“Eclipse”), os três primeiros filmes são pobres do ponto de vista formal, apoiados em uma gramática visual capenga, com efeitos primários e sem muita criatividade para contornar a pobreza da matéria prima.
A contratação de Bill Condon (“Deuses e Monstros”, “Dreamgirls”) para dirigir os dois segmentos finais da história foi uma tentativa de dar mais consistência aos filmes. Cineasta experiente, Condon colocou ordem na casa – a primeira parte do fim está acima das realizações anteriores. Ainda assim, o grande obstáculo continua sendo a origem de tudo: os livros de madame Meyer.
“Amanhecer – Parte 1″ mostra o resultado da escolha de Bella Swan (Kristen Stewart) entre Edward Cullen (Robert Pattinson) e Jacob Black (Taylor Lautner). Os principais momentos do filme, o casamento e a lua-de-mel no Brasil, com quase 20 minutos de imagens rodadas no país, mostram a consumação do amor da jovem protagonista e as consequências da miscigenação entre uma humana e um vampiro. Sem falar nos efeitos colaterais que abalam a trégua entre vampiros e a matilha de lobisomens.
A gravidez de Bella e a recusa do casal em transformá-la em vampira surge como um grande problema, que conta com a cumplicidade do reticente Jacob, dividido entre o amor não correspondido e a lealdade à matilha, para resolver o nó. Esse é o gancho para o grande final esperado e antecipado pelos fãs.
Não se pode condenar o trio de atores principais e o numeroso elenco secundário por suas atuações. A maior parte deles faz o que pode para dar alguma consistência aos personagens, especialmente os vampiros, que carregam a tosca maquiagem branca que os torna pálidos.
A metáfora proposta pela saga idealizada por Meyer, uma escritora de crença mórmon, é a manutenção do amor romântico, a abstinência sexual (antes do casamento) e os valores da família. O romantismo é apenas pano de fundo para disseminar entre os jovens a crença – conservadora – de que estamos vivendo um período de liberdades extremas e muita irresponsabilidade. Essa sim uma herança maligna deixada por quase dez anos de conservadorismo tacanho sob a América de Bush Jr.
CINE CLICK
Mais romance água com açúcar, menos ação. A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1, que já nasce como blockbuster antes de estrear, dominando metade (!) das salas de cinema do Brasil a partir desta sexta-feira (18/11), é enfadonho e tão conservador quanto as outras produções que construíram a franquia, especialmente Lua Nova.
A não ser por razões de mercado, o filme não justifica a divisão em duas partes. O inchaço do enredo transparece na artificialidade das situações dramáticas – diferentemente de Harry Potter e as Relíquias da Morte, cuja extensão do livro tornou aceitável a existência de dois capítulos finais.
A pequena sustentação de A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 está no dilema de Bella (Kristen Stewart): aos 18 anos, casa-se com o vampiro Edward (Robert Pattinson) e engravida. Deve seguir com a gravidez e correr risco de morte ou optar por um aborto e manter-se viva?
Durante a lua-de-mel, gravada no Rio de Janeiro (com uma cena medonha na Lapa e takes de Paraty que poderiam ser substituídos por qualquer outro paraíso exótico), surgem as dúvidas e os problemas do casal. Achar que esse fiapo de curva dramática é suficiente na construção de um filme envolvente é uma das inocências do roteiro do quarto capítulo da saga. A direção também se esforça em tornar explícito o peso da decisão de uma humana em se se unir com um vampiro – seu potencial algoz.
Num outro filme minimamente razoável e conduzido por mãos talentosas, o dilema seria resolvido em alguns planos, auxiliados por um par de diálogos inteligentes, elipses (supressão do tempo) e boa atuação. Amanhecer precisa de duas horas para tal. Precisa, não: finge que precisa.
Os únicos momentos em que ele se aproxima de ser um filme são as passagens mais sombrias, especialmente no pesadelo de Bella e o dolorido nascimento de sua filha, Renesmee.
Filme para iniciados
De toda a franquia, inaugurada em 2009, quando Taylor Lautner, Kristen e Robert ainda eram ilustres desconhecidos, A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 é o filme que menos dá bola para os não iniciados. A disputa dos lobos com os vampiros, o amor platônico de Jacob (Lautner) por Bella e a rivalidade do clã dos Volturi são dados, não explicados – o que não é necessariamente um problema.
Porém, isso indica que não houve o desejo de abrir diálogo com um espectador comum apenas interessado num bom filme, mas sim entregar o produto que a rede de fãs espera. Tanto que todos os códigos medíocres dos filmes anteriores estão lá – destaque para as medonhas sequências que parecem extraídas de um videoclipe.
Amanhecer estabelece também um paradigma na franquia: é o filme mais conservador, mais até que Eclipse. Sexo, só depois do casamento. Aborto, nem pensar, está fora de questão. Matar bandido não é algo ruim. Até o jeito que Bella se deixa “pegar” por Edward parece inspirado na representação da mulher no cinema norte-americano dos anos 1930.
A capacidade de comunicação desses valores com a juventude que tornou a franquia um negócio lucrativo é uma constatação assustadora do quão conservador é o nosso tempo.
Assim como os filmes anteriores da Saga Crepúsculo, Amanhecer requenta a narrativa do amor impossível, presente nos clássicos da literatura, para a parcela careta da geração Twitter.
E como todo filme-franquia, abre caminhos para a próxima produção, cujos indícios são dados em uma cena adicional nos créditos finais.
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