quarta-feira, 2 de novembro de 2011

POR QUE KRISTEN STEWART É IMPORTANTE: UMA DISSERTAÇÃO SOBRE GAROTAS, MODELOS E DERRUBAR AQUELES QUE SÃO DIFERENTES

A jornalista do VH1 Kate Spencer, que já entrevistou Kristen algumas vezes, escreveu uma matéria em seu blog pessoal sobre a importância de Kristen Stewart na sociedade atual. Ela fala sobre as críticas recebidas pela atriz, o fato dela não aceitar as regras impostas pela mídia e até sobre seus fãs. É um texto bem escrito e com muito conteúdo, vale a pena conferir:




Outro dia encontrei-me de pé em frente a uma prateleira de fantasias de princesas na loja da Disney. Nós havíamos saído para achar uma fantasia de última hora para Baby E, e a moça no Sunglass Hut nos dirigiu até lá depois de termos falhado ao tentar achar uma loja de Halloween no shopping. “Eles têm uma tonelada de roupas de princesa em promoção!”, ela disse emocionada. Quando saímos da loja, eu me virei para Anthony e fiz uma careta. “Nós não vamos vestí-la como uma princesa, certo ?” “De jeito nenhum”, ele concordou. Nós compramos uma fantasia do Ursinho Pooh por 12 dólares.

Momentos como estes me fizeram pensar muito sobre a rigidez dos papéis pré-determinados do gênero, e as expectativas e ideais colocados em meninas e mulheres antes mesmo de aprenderem a falar. Toda vez que passo pela sessão de bebê da Target fico horrorizada com as opções de roupas. Babados, rendas, laços, flores, rosa pink. Você ficaria chocado com a luta que tive de enfrentar para encontrar um jeans para minha filha que não tivesse um coração desenhado na bunda. Ela tem 11 meses de idade.

É quando estou em pé em frente a uma prateleira de pequenas blusas que tem escrito “Princesa!” no peito, ou uma pilha de fantasias de Cinderela de tamanhos para crianças de 3 a 12 meses, que eu faço uma prece silenciosa de agradecimento a Kristen Stewart. Sim, a garota estranha de Twilight que nunca sorri. E sim, eu gosto de ambas as coisas sobre ela… Apesar dela não ser tão estranha assim e realmente sorrir bastante. Confie em mim, é meu trabalho saber dessas coisas.

Breaking Dawn, o quarto filme da franquia Twilight, estréia no meio de Novembro e então eu estou prestes a embarcar em duas semanas de exibições, entrevistas para a imprensa e premiéres a trabalho. Eu venho cobrindo Twilight para a VH1 desde que o filme se tornou o Cometa Haley da cultura pop – o tipo de fenômeno incrível e bizarro que acontece apenas uma vez em nossa vida. Em algum ponto ao longo do caminho eu me forçei a ler o livro apenas para me tornar obcecada pela série após uma ou duas páginas. Mas o que me fascina mais que a popularidade da história, é a reação negativa que Kristen Stewart, a atriz de 21 anos no coração da série, provoca em tantas pessoas.

A crítica em geral parece ser a seguinte: ela não sorri o suficiente. Ela parece infeliz. Ela é esquisita. Ela se esconde dos olhos do público. Ela não usa salto alto. Ela está sempre de casaco. Ela é introvertida. Ela se recusa a falar sobre sua vida particular e relacionamentos românticos. Ela age nervosamente. Ela diz coisas que são um pouco controversas e não fala positivamente sobre fama e celebridades. Ela é meio estranha.

A imprensa perpetua essa percepção, com com manchetes como: Por que Kristen está sempre irrirada ?, Kristen Stewart explica porque sempre tem um olhar severo no rosto, Nova entrevista mau humorada de Kristen, Kristen Stewart chamou a apresentadora da MTV de ‘bitch’ depois de entrevista, Vamos brincar com a cara de miserável de Kristen Stewart para nos divertirmos. Para citar algumas.

Fiquei confusa durante anos a respeito do por quê da reação geral a Kristen ser tão negativa. Por quê mais pessoas – mais mulheres – não a aplaudem e dizem “graças a Deus”. Porque é isso que digo toda vez que a vejo no tapete vermelho com um par de Vans, toda vez que a ouço xingar, toda vez que leio uma entrevista onde ela corta as repetidas perguntas sobre quem ela está namorando e tenta responder a perguntas ridiculamente sem sentido com uma reflexão que é tão rara de se encontrar em Hollywood nos dias de hoje.

Graças a Deus.

Como uma “jornalista” (entre aspas porque duh, eu sou uma blogueira nerd que nunca aprendeu o estilo de escrita da imprensa), eu acho que essas críticas são infundadas. Entrevistei Kristen algumas vezes e ela é agradável, doce e passa muito tempo ouvindo a cada pergunta e oferecendo uma resposta interessante e, alguma vezes, complexa. Sim, ela sorri e ri. Ela também enrruga a testa e morde as unhas enquanto pensa. Ela parece incrivelmente não ensaiada e real, e em um mundo que vários atores oferecem respostas robóticas e ensinadas por um empresário, é absurdamente refrescante.

Como uma mulher, isso parte meu coração. Porque como uma sociedade que não se cansa de passar a mensagem de “as garotas têm o poder, uhul!”, nós ainda gostamos que nossas figuras públicas se comportem de uma determinada maneira. Kristen Stewart se recusa a se conformar com as nossas expectativas sociais do que uma mulher (e figura feminina pública) deve ser e cara, isso faz todo mundo se sentir realmente desconfortável. Você pensaria que ela evoca a resposta oposta, especialmente entre a população feminina. Que nós iríamos comemorar uma mulher famosa que é descaradamente original, especialmente quando ela desafia as construções da feminilidade. Infelizmente, é o oposto. Ela se recusa a ser uma boneca linda e perfeita, e por isso ela é implacavelmente criticada. E isso me assusta. Porque quando a hora chegar, eu quero que Eleanor seja estranha. Quero que ela sinta que tem o direito de não compartilhar partes de sua vida, que não há problema em gaguejar em uma resposta ou dizer algo que pode ser controverso ou não popular. Quero que ela saiba que não tem que usar saltos de 5 centímetros para se sentir bonita, que ela não tem que cobrir o rosto de maquiagem para sair de casa. Quero que ela não finja estar feliz o tempo todo.

Crescendo, eu era todas essas coisas também (quer dizer, ainda sou todas essas coisas). E eu passei tempo demais dos 10 aos 21 anos agonizando com a minha estranheza. Eu me sentia envergonhada de não ser feminina o suficiente; mortificada com a minha incapacidade de andar em qualquer coisa que não fossem tênis e envergonhada de que tudo que saísse da minha boca estivesse errado. Se eu tivesse visto uma mulher dos olhos públicos que abraçou esse lado de si mesma, que não tinha medo de não ser a mecânica “mulher perfeita”, talvez eu tivesse aprendido a amar essas coisas sobre mim mesma um pouco mais cedo.

O que os críticos, curiosamente, tendem a ignorar, é a massiva, e de incondicional apoio, base de fãs de Kristen. Eles são tão ativos e participativos e falam dela como uma amiga próxima. Eu diria que os motivos pelos quais eles a amam são os mesmos que eu listei acima, e eu tenho certeza que eles me dirão se eu estiver errada (@katespencer). Claramente, ela está alcançando um grupo crescente de mulheres e garotas que veêm uma parte de si mesmas nela; que admiram sua habilidade de se afastar da regra aceita e incentivada. O por quê disso não fazer parte da fala da mídia sobre Kristen Stewart tem me confundido desde o início.

Bill Condon, o diretor de Breaking Dawn, disse o seguinte sobre Kristen Stewart em uma entrevista. “Ela foi escolhida para um papel feminino em um filme de super-heróis de quadrinhos que está prestes a começar – eu não vou dizer qual – e ela disse tipo ‘Bem, dane-se. Eu não deveria ser a namorada do super-herói, eu deveria ser o super-herói.’”

Tarde demais, Kristen. Você meio que já é.

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