sexta-feira, 15 de abril de 2011

“ON THE ROAD” FINALMENTE SE TORNA UM FILME



Os receios são deixados de lado, “On the Road” finalmente se torna um filme.
Muitos consideram o livro “On the Road”, de Jack Kerouac, um livro sagrado. O romance foi originalmente transcrito para um roteiro. Traduzido em 40 idiomas, milhões de cópias do clássico da geração Beat foram vendidas no mundo inteiro desde que o romance fora publicado em 1957, tendo lugar entre os livros mais influentes do século XX. Quando se fala das telonas, “On the Road” passou pela maldição de Kerouac. Os esforços de Hollywood para fazer as adaptações do trabalho do autor fracassaram no passado.

Agora, meio silencioso, “On the Road” foi finalmente feito em um filme. Com a produção de $25 milhões, as filmagens em San Francisco, Montreal e outros locais, está marcado para estreiar neste outono.
O filme deve ser do interesse de San Francisco onde os Beats e seus antiquados trabalhos são da indústria caseira. Todos os anos, milhares de pessoas se juntam em North Beach para visitar a livraria City Lights e o bar Vesuvio no intuito de ficar de boca aberta com os artefatos de Kerouac no The Beat Museum. Mas depois de tanto interesse vem a ansiedade. A adaptação de qualquer livro amado para filme é perigoso e pode incomodar os fãs, especialmente quando é um clássico da literatura onde a linguagem em si desempenha um papel protagonista – algo que não é facilmente traduzido para as telonas. “On the Road” é particularmente difícil, já que as ideias provocativas definem o romance – sexo casual e uso de drogas e a rejeição do materialismo – são suscetíveis a levantar as sombrancelhas da grande audiência de hoje em dia.

A equipe de criação de outro filme de estrada contracultural lidera o projeto: o diretor Walter Salles e o roteirista Jose Rivera da premiada biografia de Che Guevara, “Diários de Motocicleta”. O elenco está salpicado de atores que atraem a bilheteria, incluindo Kristen Stewart dos filmes “Twilight”, Kirsten Dunst, Amy Adams e Viggo Mortensen. As personagens dos dois homens protagonistas são baseados em Kerouac e seu companheiro Neal Cassady, que são interpretados pelos atores menos conhecidos, Sam Riley e Garrett Hedlund.

Em julho, antes do início das filmagens, perto dos sets principais em Montreal, o elenco e equipe passaram por algumas experiências – foram três semanas de imersão com especialistas em Kerouac. Um dos “instrutores” foi Gerald Nicosia, autor de “Memory Babe: A Critical Biography of Jack Kerouac”, considerado por muitos (incluindo William S. Burroughs) uma descrição definitiva de Kerouac. Ninguém do elenco e equipe tinha muita idade para lembrar da era Beat, então assim o Sr. Nicosia, de Corte Madera, se aproximou das sessões como se ele estivesse ensinando histórias antigas, “como se eu estivesse trazendo para eles o Santo Graal“. Ele disse para os atores que fossem especialmente intensos, sabendo que eles poderiam chatear muitas pessoas se não retratassem as personagens com precisão.

No acampamento, o Sr. Nicosia reproduziu uma entrevista de áudio que foi gravada em 1978 com Lu Anne Henderson, a jovem esposa de Neal Cassady, pela qual a personagem, Marylou, do livro é baseada. Essa conversa também é a base do “One and Only: The Untold Story of “On the Road’”, um novo livro do Sr. Nicosia que sairá neste outono.

O elenco e a equipe poderiam se relacionar, er, profundamente ?

“Todos eles têm vidas muito pouco convencionais“, Sr. Nicosia falou sobre os atores. “Se você é um forasteiro, você entende o que a contracultura é.”

Essa luta por autenticidade é um forte contraste de muitos esforços do passado para filmar o trabalho do Sr. Kerouac. Seu romance “The Subterraneans” sobre um caso de amor interracial que foi transformando num filme em 1960 estrelando George Peppard e Leslie Caron (nota: ambos são brancos). E em 1980 “Heart Beat”, sobre a vida de Kerouac, foi ridicularizado por críticos por ter a mesma substância literária de um tic tac. O Sr. Nicosia disse preocupado que “On the Road” seria também um fracasso por ter tentativas frustradas no passado ao fazer um filme desses. (Os produtores do filme não responderam os pedidos de comentários.)

As preocupações continuam. Joanna McClure, uma poeta Beat que foi imortalizada como uma personagem do romance de Kerouac “Big Sur” está curiosa sobre o novo filme, mas diz: “A escrita foi muito animadora. Como vocês a farão dentro de um filme?” A Sra. McClure também se pergunta se a audiência atual de um filme novo, que ela descreve como obcecado em “tentar entrar em corporações“, poderia compreender a estória de omitir bens terrenos. “É preciso fazer um bom conto de fadas para eles pensarem nisso“, ela disse. “As pessoas querem que eles vivam num mundo onde isso possa acontecer.”
No entanto, em San Francisco muitos desses desejos ainda ressoam.

Gravity Goldberg, editora do jornal literário local, em Instant City, disse que muitas dos pedidos que recebem hoje são inspirados em Kerouac. “Acho que sua influência, conscientemente ou não, desliza dentro do trabalho de todas aquelas semi-autobiografias.” A Sra. Goldberg diz.
Se o sucesso em Hollywood vir, ou não, o Beat continua.

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